quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Livro - Jogos Vorazes, de Suzanne Collins


Na abertura dos jogos vorazes, a organização não recolhe os corpos dos combatentes caídos e dá tiros de canhão até o final. Cada tiro, um morto. Onze tiros no primeiro dia. Treze jovens restaram, entre eles, Katniss. Para quem os tiros de canhão serão no dia seguinte?...
Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por doze distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstra seu poder sobre o resto do carente país é com JOGOS VORAZES, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos de cada distrito são selecionados e obrigados a lutar até a morte!
Para evitar que sua irmã seja a mais nova vítima do programa, Katniss se oferece para participar em seu lugar. Vinda do empobrecido Distrito 12, ela sabe como sobreviver em um ambiente hostil. Peeta, um garoto que ajudou sua família no passado, também foi selecionado. Caso vença, terá fama e fortuna. Se perder, morre. Mas para ganhar a competição, será preciso muito mais do que habilidade. Até onde Katniss estará disposta ir para ser vitoriosa nos JOGOS VORAZES?

Jogos Vorazes é o primeiro de uma trilogia de livros juvenis. Eu poderia utilizar a terminologia correta usada pelas bibliotecas e dizer que é um livro infanto-juvenil. Mas eu sinceramente não sei se eu catalogaria este livro como "infanto"... É um livro brutal e requer maturidade para que se perceba todas as suas nuances.
Jogos Vorazes foi lançado em 2008 nos EUA e já teve boas vendas desde o início. No entanto, um belo dia, Stephanie Meyer, a autora dos livros Twilight/Crespúsuculo fez um de seus raros posts em sua página na internet com o único propósito de sugerir a leitura do livro aos seus fãs. Segundo ela, a leitura era impressionante e vinha lhe tirando o sono, fazendo com que ela puxasse seu exemplar até mesmo na hora do almoço. Aí começou o grande zum-zum-zum.
O fato é que tem duas semandas que o 3º livro foi lançado lá na terra do Tio Sam, e já causou um alvoroço de proporções vampirescas ou "Harry Potteranas". Para se ter uma idéia, ele saiu da editora com um embargo proibindo resenhas antecipadas e qualquer tipo de discussão anterior à data de lançamento. Qualquer coisa que pudesse ter um indício de spoiler prometia severas conseqüências nos tribunais. Ah, e os direitos já foram negociados com Hollywood - vocês podem ter uma idéia do que vem por aí.
O livro é bem escrito, prende o leitor desde o início, com uma linguagem fluída e elegante sem cair nos maneirismos adolescentes (que me dá nos nervos quando leio livros "infanto-juvenis"), e mais importante, cumpre totalmente seu dever de nos fisgar imediatamente.
O cenário é surreal. Uma realidade pós-apocalíptica em que a "América" já não existe, seu território foi diminuído substancialmente por desastres naturais, avanço do oceano, guerras, blá, blá, blá.
Originalmente, a nova nação - Panem - possuía 13 distritos. Mas como os distritos sofriam uma opressão violenta por parte da Capital, o povo se rebelou. A Capital conseguiu recuperar o controle, voltando a dominar o povo, mas como exemplo, aniquilou totalmente o Distrito 13 e criou os Jogos Vorazes, onde sorteia um casal de jovens de cada Distrito todo ano para disputá-los - para duelarem até a morte, até que reste apenas um. A Capital utiliza contantemente os Jogos para mostrar quem é que manda e assim abafar qualquer idéia de rebelião.
Bom, o livro é brutal em uma série de aspectos, e talvez o menor deles seja a luta pela sobrevivência que se dá na arena do jogo. A diferença entre os dois mundos é gritante: de um lado as condições de pobreza extrema, a vigilância constante, as penas severas e o fantasma dos Jogos, de outro, o luxo, a modernidade, a futilidade, a abundância e a total alienação da Capital.
E é assim que o livro se desenrola, enquanto os Distritos vivem uma realidade de fome e desesperança, tendo que ver seus filhos morrerem sem poder fazer nada, a Capital acha tudo muito emocionante, esperando avidamente a edição anual do que, para eles, não passa de um mega reality show. É um verdadeiro circo. Estas crianças estão condenadas à morte, mas o importante é que tenham um estilista para a noite de apresentação, que tenham os cabelos penteados, suas unhas pintadas, que arrangem patrocinadores, etc...
Lá pelas tantas percebe-se nitidamente o know-how da autora, ela trabalhou por anos no canal de tv Nickelodeon e a forma como descreve o "circo", as maquinações e manipulações demonstra isso. A idéia de que os "produtores" tentam constantemente manipular audiência e jogadores e de que os jogadores tentam manipular o povo e os "produtores" é clara durante todo o livro. Não lembrar das edições do Big Brother é quase impossível.
Não preciso nem dizer que a leitura é como um passeio de montanha-russa. Cada vez que eu pensava que já estava ambientada com todo este cenário, ou me sentindo anestesiada, algo brutal acontecia, era como se eu levasse um tapa na cara, mas por incrível que pareça, as mortes não foram, quase nunca, as coisas que mais me chocaram.
Recomendo, já estou ansiosa para o próximo, e apesar de achar o livro um pouco fora dos padrões, recomendaria a leitura para maiores de 12 ou 13 anos. É uma ótima forma de dar um choque de realidade na garotada que muitas vezes não dá valor às coisas que tem. Certo é que o livro vai deixar você de queixo caído, e isso é uma coisa rara hoje em dia, em tempos em que nada se cria e tudo se copia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário